Maquete ajuda crianças de Cananeia a conhecer a região

Agência Universitária de Notícias. Ano 47. Nº27. 18/06/2014

Projeto tem por objetivo ajudar no ensino das redes pública e particular, além de promover aproximação entre comunidade caiçara e USP

Uma maquete instalada na base de pesquisas do Instituto Oceanográfico (IO-USP) na cidade de Cananeia, litoral de São Paulo, está ajudando os professores da cidade a promoverem entre seus alunos o conhecimento da região e de seus habitantes. Construída no IO e levada para a base João de Paiva Carvalho em janeiro, a maquete é disponibilizada semanalmente para o público e tem recebido a visita de grupos de professores e alunos, além de pais que são levados por seus filhos para conhecerem o projeto.

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Crianças de Cananeia interagem com a maquete em visitação / Créditos: Braga E. S.

O objeto foi planejado e confeccionado pelas alunas Adriana Ribeiro Machado, Beatriz Ferraz Scigliano, Camila Franco e Vania Maria Oliveira, todas do curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais (FFLCH-USP). Para escolher e estruturar os materiais, a fim de torná-los mais duráveis, elas foram auxiliadas pelo estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), Arthur Simões Caetano, e por funcionários do IO. Todo o projeto foi orientado pela professora Elisabete de Santis Braga da Graça Saraiva, presidente da Comissão de Cultura e Extensão do Instituto.

Constituída de cortiça e serragem, a maquete cobre todo o sistema lagunar que vai de Santos até Paranaguá, e foi baseada em pesquisas em cartas topográficas (mapas de relevo) do IBGE e no Google Earth (programa com imagens tridimensionais), além de em visitas à Cananeia. Ela expõe, além da topografia da região, locais como bairros, centros de pesquisa e unidades de conservação, todos representados pelas mais de mil lâmpadas de led instaladas na maquete.

“Queríamos relacionar os elementos naturais com o que é vivido no local, dar uma dimensão do todo, até mesmo para fazer o ‘link’ de como esses elementos naturais podem significar aspectos culturais e formas de vida”, contou Adriana, uma das idealizadoras do projeto.

Para decidir o que havia de mais importante a ser representado e engajar o trabalho no planejamento didático das escolas, o grupo realizou três encontros com mais de 30 professores e alguns alunos da região de Cananeia. Neles foram discutidas em conjunto detalhes a incluídos no projeto e diversas formas de abordagem de temas ambientais a partir do uso da maquete.

Beatriz, outra atuante no projeto, explicou que um dos aspectos sociais da maquete é a sua própria existência em Cananeia. “[Antes] os professores e os alunos não tinham ali um material interativo com tantas possibilidades de abordagem de ensino, algo que desse uma noção espacial do tamanho do local em que vivem”, contou.

Adriana reforçou essa posição e acrescentou mais finalidades à existência do objeto. “Construímos a maquete pensando na escola, para fins didáticos e até para professores do IO. Na minha visita ao museu e à biblioteca da região, surgiu o interesse deles de usá-la com os turistas também. Acredito que todo o uso adequado do material será rico”, concluiu.

 

Resultados

A base do Instituto Oceanográfico em Cananeia tem auxiliado na disponibilização do material para a população da região. Segundo Cleyton Vieira, funcionário da unidade, além da propaganda feita “boca a boca” pelos alunos que conhecem a maquete e trazem parentes e amigos, foi realizada uma divulgação em forma de ofício pela própria base convidando entidades à visitação.

Ele contou também que praticamente 70% dos estudantes da rede pública já visitaram a maquete, assim como grupos de uma escola particular da cidade. “Os professores dizem que é sempre muito interessante os alunos comentarem de que sítio, praia ou lugar eles e seus antepassados são”, explicou.

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Maquete, de 1 metro de largura por 4 metros de comprimento, em exposição na base do IO / Créditos: Braga E. S.

A presença de mais material lúdico, como fotos de animais, incitaria a criação de conhecimento coletivo. Segundo Vieira, os professores descobriram que as crianças conheciam os animais por nomes diferentes entrei si, às vezes por influência indígena ou quilombola, comunidades que viveram próximas à região. Isso ajudaria as crianças a respeitar as diferenças e o conhecimento do próximo.

Quanto à importância do projeto, Vieira se revelou otimista. “[A importância] é abrir as portas do instituto à população. E acho que, a longo prazo, acaba dando um interesse para a criança buscar informações sobre o meio em que vive. Quem sabe, no futuro, não estaremos formando novos biólogos, oceanógrafos ou ecologistas?”.

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