Pesquisadora propõe método de datação relativa para a paleoceanografia

cocolitoforideos

Originalmente publicado em: Agência Universitária de Notícias. Ano 49. Nº 17. 22/02/2016

Método complementar para datação relativa de sedimentos é elaborado para uma verificação mais rápida, barata e precisa

A bioestratigrafia é um método de datação relativa que consegue identificar os períodos históricos nos sedimentos. Pensando em melhorar a precisão de estudos, a pesquisadora Juliana Pereira de Quadros, do Instituto Oceanográfico da USP (IO) propôs em sua pesquisa de doutorado uma nova divisão entre os períodos, para ressaltar uma técnica mais rápida, barata e precisa.

Juliana se dedicou à ecobioestratigrafia de cocolitoforídeos, nanofósseis calcários fotossintetizantes. No método, a pesquisadora analisou a produtividade dos microorganismos nos últimos 260 anos (período em que surge a espécie de nanofóssil mais recente no planeta) para propor uma nova divisão cronológica das camadas oceânicas.

Na proposta de divisão, Juliana elenca os períodos cronológicos em 7 zoneamentos, enquanto que o método anterior dividia em 5. Para conseguir relatar as variações foram usados gráficos a partir da análise dos microrganismos em abundância e em baixa quantidade. A pesquisadora ressalta que a incidência dos organismos é influenciada por uma série de fatores que ajudam na compreensão do período estudado como mudanças climáticas e disposição de nutrientes. “Uma época de alto número de organismos, pode ter sido marcada por um período de muitas chuvas que implicaram em mais nutrientes à água”, explica ela.

O método foi primeiro aplicado na Bacia de Santos, onde Juliana pode comprovar seu funcionamento e depois testado em regiões do Nordeste e Sul do Brasil, que se comportaram da mesma maneira, mostrando que a ferramenta poderia ser aplicada em diferentes localidades do território do país.

Juliana mostra que, no Brasil, existem poucas ferramentas de datação no período em que se dedicou a estudar e que a partir de sua observação um maior nível de precisão seria alcançado, o qual poderia ser aumentado usando a divisão de zoneamentos anterior em conjunto com a proposta pela sua tese.

A pesquisa mostra que é possível estudar, com maior precisão, o que estava acontecendo no planeta em algum determinado período a partir da observação dos microorganismos. Os nanofósseis ainda possuem um importante papel ambiental, uma vez que são organismos fotossintetizantes que retiram o carbono da atmosfera e sedimentam o carbonato de cálcio formado virando rocha no fundo do mar.

A nova proposta de divisão de zoneamentos seria benéfica tanto para o meio acadêmico quanto para as indústrias. A maioria das datações utiliza o Carbono 14, porém ele tem uma precisão de tempo menor, além de outros métodos custarem muito caro. A bioestratigrafia pode ser feita em laboratório e por isso tem um baixo custo.

A indústria do petróleo, por exemplo, usa o método para analisar o risco geológico de uma região e checar a resistência do fundo. Além de ser possível, com o estudo, observar o desaparecimento de uma espécie, como a pesquisadora exemplifica com os dinossauros, que marcam sua extinção a partir de um dado bioestratigráfico.

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