Existe um programa internacional que reúne um grande banco de sedimentos marinhos e que pesquisadores brasileiros podem requisitar seu uso. Foi o que fez Igor Gustavo da Fonseca Carrasqueira, mestre pelo Instituto Oceanográfico (IO) da USP, que em 2018 defendeu sua dissertação “500 mil anos de evolução climática no continente Indiano-Asiático: um registro eólico das Maldivas”.
“Trabalhei com um registro de 20 metros dos sedimentos enviados pelo IODP. Levei em conta informações cíclicas como os períodos glaciais e interglaciais, que me permitiu definir um período de 500 mil anos para este registro.”
As Maldivas foram objeto de estudo pela agência International Ocean Discovery Program (IODP), que perfuraram o mar do país em vários pontos, retirando cerca de um quilômetro de sedimentos cada um. Envolvendo países como EUA, Japão e a União Europeia, o Brasil entrou no programa há alguns anos com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), dando chance de pesquisadores fazerem solicitação de materiais ao IODP.
No estudo feito por Igor, foi possível observar que as Maldivas vêm recebendo elementos de partículas principalmente da Índia e até de lugares mais distantes, como a China. Imagens de satélites recentes ainda mostraram que o conjunto de ilhas recebe maiores aportes de poeiras durante o inverno do hemisfério norte.