Ilhas oceânicas são peças de um enorme quebra-cabeça biológico
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- Publicado: Terça, 24 Setembro 2019
Fonte: AUN - AGÊNCIA UNIVERSITÁRIA DE NOTÍCIAS
Peculiaridade
Algo interessante ocorreu em 2015, quando teve El Niño no final daquele ano. Em 2016, seu efeito foi observado, provavelmente, em função da água ter ficado mais quente. “Na expedição de 2016, reparamos que algas calcárias e os organismos bioconstrutores diminuíram. Já as macroalgas filamentosas (finas) e foliáceas aumentaram”, conta Carolina.
Segundo ela, uma das causas para que isso pudesse ter acontecido se deve ao fato de que as macroalgas têm uma afinidade tropical maior, crescendo com mais facilidade em ambientes com águas mais quentes. A água um pouco mais aquecida favoreceu o crescimento, tirando espaço da alga calcária, de fisiologia diferente e crescimento bem lento.
“Em compensação houve o contrário no ano seguinte, 2017, surgindo uma anomalia térmica negativa. Ao invés de ter uma água mais quente, ficou cerca de 1,5 ºC abaixo do normal”. Essa mudança fez com que as macroalgas tivessem suas populações reduzidas, deixando espaço para as algas calcárias crostosas crescerem, provavelmente, ao terem aproveitado o espaço livre deixado e crescendo com a temperatura menor.
Nascer do sol visto da Ilha de Trindade, que precisa da sua contínua afirmação de preservação. Imagem: João Luiz Gasparini
Tema necessário
Por serem isoladas, as ilhas possuem um grau de endemismo maior do que a costa, onde os organismos se espalham com maior facilidade. “Em áreas isoladas os organismos tendem à especiação, ou seja, a serem endêmicos, exclusivos de suas regiões.”
As mudanças já vêm afetando muito e modificando o ambiente. Quanto mais se conhece esses locais, mais dados haverá para comparações. “Será que está mudando pois estamos mexendo muito ou é algo natural? Se não conhecemos, não tem como falar que algo está impactado ou que impactou, porque ninguém conhecia antes” informa Carolina, alertando ainda sobre a importância de se estudar essas regiões, mesmo sendo afastadas.
“Esse trabalho que fiz foi só o começo de um monitoramento que é longo e que é de suma importância sua continuação. Eu gosto de dizer que ele é a primeira peça de um quebra-cabeça que é para ser encaixado e servido de base para outras pesquisas e estudos e a continuidade desse monitoramento.”