O fundeio definitivo da boia Atlas-B Guariroba


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!Atlas-B “Guariroba”: Um sistema de monitoramento para o Atlântico-Sul.


Entre 18 e 25 de abril de 2013, o Instituto Oceanográfico da USP promoveu o Cruzeiro Oceanográfico ATLAS-B-02.

A bordo do N/Oc. Alpha-Crucis, diversas instituições -- como o Laboratório de Modelagem Numérica e Observação Oceânica (LabMoN) e o Laboratório de Instrumentação Oceanográfica (LIO) do IO-USP, o Instituto de Estudos Almirante Paulo Moreira (IEAPM), e a empresa AMBIDADOS (RJ), estiveram representadas por dez pesquisadores e nove nove alunos. Entre eles, o pesquisador Carlos França, que foi entrevistado para a confecção desta matéria.

O objetivo principal do cruzeiro era o fundeio definitivo da boia "Atlas-B-02" na posição 28°S, 44°W, no Atlântico Sul. A boia estava fundeada por um período de testes na Baía do Flamengo em Ubatuba. Além do fundeio, foram também realizadas estações oceanográficas ao longo da rota do navio.

A Atlas-B, inteiramente produzida no Brasil pelo LIO, em parceria com a empresa AMBIDADOS, tem como missão captar e enviar dados oceânicos e meteorológicos para o IO-USP (e daí para o mundo), em tempo real. Essa plataforma de observação é similar às boias Atlas desenvolvidas pela NOAA (EUA) e utilizadas nos sistemas TAO, no Pacífico, PIRATA, no Atlântico Tropical, e RAMA, no Oceano Índico (http://www.pmel.noaa.gov/tao, http://www.pmel.noaa.gov/pirata). Seguindo a tradição de dar um nome próprio a cada boia fundeada, decidiu-se por batizá-la como Guariroba, uma lembrança das raízes goianas do idealizador e coordenador do projeto Atlas-B.


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''Prof. Edmo Campos ao lado da “Guariroba” logo após sua recuperação em Ubatuba, na véspera da partida do cruzeiro para o fundeio definitivo.''


Quando perguntado sobre a importância do estudo que será realizado com dados obtidos pela boia "Guariroba", França respondeu:

- A ciência oceanográfica se apoia, fundamentalmente, em observações do oceano. A boia ATLAS-B "Guariroba"
vai obter informações importantes da camada superior do oceano e dos fluxos de calor, massa e momento na interface ar-mar em uma posição muito especial do Oceano Atlântico, região com intensa atividade ciclogenética onde ocorreu o furacão Catarina em marco de 2004. Essas informações, disseminadas para a comunidade científica, poderão ser utilizadas na comparação com resultados numéricos e teorias do oceano e atmosfera, ou seja, testar hipóteses. Também poderão ser assimiladas em modelos do oceano e da atmosfera, melhorando a qualidade das previsões tanto em escala temporal curta (dias) quanto climáticas (anos, décadas).

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Guariroba irá transmitir dados em tempo real via satélite.

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Guariroba proverá valiosas informações sobre o tempo e previsão de clima no At-Sul.

1.''Guariroba irá transmitir dados em tempo real via satélite.''
2.''Guariroba proverá valiosas informações sobre o tempo e previsão de clima no At-Sul.''


Os dados serão enviados em tempo real, via satélite, para os laboratórios. Isso ajudará muito na produção de séries temporais e na observação de mudanças climáticas. Com esse novo equipamento, a pesquisa oceanográfica tem muito a ganhar, já que os dados obtidos poderão influenciar dezenas de fenômenos que pouco compreendidos ainda pelos pesquisadores.

__Vídeo do lançamento da boia, filmado e editado pelo engenheiro Chico Vicentini, do LIO.__

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!!Histórico

A boia Atlas-B Guariroba - segundo Carlos França do LABMON - surgiu com a necessidade. Já havia a predisposição de que fosse observado o sul do Atlântico, e isso aumentou ainda mais com a possibilidade de que ali poderiam se originar furacões. A ocorrência Catarina, em 2004, que causou grandes estragos nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, motivou o professor Edmo Campos (recém-eleito membro titular da ABC, veja mais em http://www.io.usp.br/tiki-read_article.php?articleId=478) do LABMON a dar início a ações que culminaram com a construção e o feundeio da Guariroba.. Em todo o processo foram investidos mais de 1 milhão de dólares, através de projetos financiados pelo CNPq (INCT – Mudanças Climáticas e ATLAS-B), FAPESP (Projeto SANSAO) e pela USP (NAP – Mudanças Climáticas).

A ideia de se desenvolver a Atlas-B originou-se no contexto de um esforço desenvolvido em colaboração por instituições do Brasil,: Estados Unidos, e França: o Projeto PIRATA. Essa colaboração internacional, da qual participa o LABMON, é baseada na manutenção de uma rede de boias Atlas (http://goosbrasil.org/pirata) monitorando o Atlântico tropical.
As boias utilizadas no PIRATA são produzidas no PMEL/NOAA, nos Estados Unidos, o que implica em uma grande dificuldade logística: todos os anos um novo conjunto de boias deve ser importado dos EUA, para substituir as que permaneceram fundeadas durante os últimos 12 meses. Por sua vez, as boias recuperadas têm que ser enviadas de volta aos EUA para que possam ser recondicionadas e novamente exportadas ao Brasil, para um novo ciclo. Essa dificuldade logística levou o Prof. Edmo Campos a propor o desenvolvimento de um protótipo brasileiro, a Atlas-B, baseado no sistema produzido pelo PMEL. A ideia foi bem recebida, os fundos foram obtidos e, com o apoio do PMEL/NOAA, deu-se início à construção da versão Brasileira da boia Atlas.


A primeira Atlas-B foi produzida em cooperação com a empresa Ambidados, do Rio de Janeiro. Para mais informações sobre o processo e fundeio da Atlas-B, e ver fotos, leia reportagens em: (http://revistapesquisa.fapesp.br/en/2012/08/10/buoys-at-sea e http://www.io.usp.br/tiki-read_article.php?articleId=359).

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