Acordo de cooperação científica Brasil - Japão

No último sábado (02/08) a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia (JST) assinaram um acordo de cooperação científica e tecnológica, durante o Fórum de Comércio e Investimentos Brasil-Japão. Com esse acordo, são previstos financiamentos compartilhados entre as duas instituições para o intercâmbio científico e tecnológico e para o desenvolvimento de projetos conjuntos (leia a notícia). 

Para ilustrar a histórica cooperação entre os países, foi mencionado durante o encontro a iniciativa de pesquisa “Iatá-piuna”, realizado pelo IOUSP em parceria com a JAMSTEC (Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology) e a CPRM (Serviço Geológico do Brasil). O Iatá-piuna teve como coordenadora científica do Brasil a Profa. Dra. Vivian H. Pellizari e como coordenador japonês o Dr. Hiroshi Kitazato.


“Iatá-piuna”: IOUSP – JAMSTEC – CPRM
A iniciativa “Iatá-piuna”, que em Tupi-Guarani significa “navegando em águas profundas e escuras”, foi a primeira investigação geológica e biológica detalhada em cooperação entre os dois países em áreas profundas do Atlântico Sul.

shinkai

Submersível Shinkai 6500. Utilizado pelos pesquisadores do IOUSP, Profa. Dra. Vivian H. Pellizari e Prof. Dr. Paulo Y. G. Sumida.

O foco primário da expedição, realizada em 2013, foi investigar os ecossistemas de mar profundo associados a feições geológicas e tectônicas e em especial estudar as comunidades associadas a área de exsudações frias, ainda não descritas em águas brasileiras. A expedição permitiu pela primeira vez o mergulho em submersível tripulado a mais de 2000 m de profundidade em águas brasileiras.

  

Campanhas e resultados
O “Cruzeiro Iatá-piuna” contou com o apoio do R/V Yokosuka (Navio de Pesquisa) e o HOV Shinkai 6500 (Veículo Submersível Tripulado) e foi dividido em duas campanhas. A primeira campanha teve como destinos a Elevação de Rio Grande (maior complexo de platôs oceânicos do Atlântico Sul) e a Dorsal de São Paulo (feição geológica adjacente à margem continental sul do Brasil), resultando em vários relatos importantes.

Dentre os principais registros na primeira campanha, destaca-se o encontro da primeira carcaça de baleia em mar profundo na costa da América do Sul e a identificação de novas espécies de poliquetas associadas a essas ossadas. Os mergulhos contaram com a participação do Prof. Dr. Paulo Y. G. Sumida, primeiro cientista brasileiro a mergulhar com o Shinkai e o primeiro cientista do mundo a atingir 4200 metros de profundidade no Atlântico Sul. Os resultados iniciais obtidos pelo Prof.  Sumida estão apresentados na reportagem da Revista FAPESP de Julho de 2014.

shinkaib

Um dos surpreendentes registros a bordo do submersível Shinkai 6500.

A segunda campanha teve como foco o Platô de São Paulo, onde foi encontrado um ecossistema associado a exsudação de óleo. O Laboratório de Ecologia de Microrganismos do IOUSP (LECOM) está analisando, em parceria com a UFPA, os resultados da análise metagenômica. O objetivo dessas análises é relatar a biodiversidade de bactérias presentes no sedimento associado as exsudações e a presença de genes relacionados a processos associados ao ciclo de metano e degradação de hidrocarbonetos.

Essas amostras são material de estudo dos alunos de pós-graduação e graduação do IOUSP, favorecendo a formação de recursos humanos nessa área ainda escassa no país e de grande importância estratégica no futuro.

jamstec-grupo

Participação IOUSP: A equipe que integrou a segunda campanha contou com os docentes:  Profa. Vivian H. Pellizari e Prof. Dr. Paulo Y. G. Sumida. Também participaram Prof. Dr. Angelo Fraga Bernardino (UFES) e Profa. Dra. Cristina Rossi Nakayama (UNIFESP), pesquisadores formados pelo IOUSP.

Apesar dos nove mergulhos realizados no Platô de São Paulo, não foram encontradas áreas de exsudação fria associadas a emanações de gás natural e/ou petróleo. Essas áreas, que podem suportar ecossistemas de mar profundo baseados em organismos quimiossintéticos, continuam sendo foco de novas pesquisas em andamento no IOUSP.

Imagens da operação do submersível Shinkai 6500, operado a partir do R/V Yokosuka. A Profa. Dra. Vivian H. Pellizari faz parte de um seleto grupo de pesquisadores brasileiros a vivenciar tal experiência.

Compartilhe