Integração das pesquisas sobre mudanças climáticas

Por Tássia Biazon

Atualmente, projetos integrativos são cada vez mais incentivados na pesquisa científica, por relacionarem diferentes áreas do conhecimento e produzirem resultados mais abrangentes. Produzido pela Agência Sapiens, o vídeo “Conexões”, discute a importância da integração entre diferentes pesquisas com o objetivo de trazer novas respostas para os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Rede Clima - Conexões from Vídeos Mudanças Climáticas on Vimeo.

A produção audiovisual foi realizada para a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA). Instituída em novembro de 2007, pelo então Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a rede busca gerar e disseminar conhecimentos relacionados às mudanças climáticas globais, tratando de questões como a base científica dessas mudanças; os estudos de impactos, adaptação e vulnerabilidade para sistemas e setores relevantes e o desenvolvimento de conhecimento e tecnologias para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

turra redeclimaA Rede CLIMA envolve diversas universidades e institutos brasileiros, à qual o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) está associado. Sediado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos, o INCT-MC é uma rede de pesquisas interdisciplinares em mudanças climáticas, contando com 90 grupos de pesquisa de 108 instituições e universidades brasileiras e 18 estrangeiras, envolvendo 400 pesquisadores, estudantes e técnicos.

A rede está estruturada em 16 Sub-Redes, dentre elas a Biodiversidade e Ecossistemas, Divulgação Científica e Mudanças Climáticas, Serviços Ambientais dos Ecossistemas e Zonas Costeiras. A Sub-Rede Zonas Costeiras abrange estudos sobre geomorfologia costeira, oceanografia física, biogeoquímica, oceanografia biológica, ecologia marinha e sócioeconomia. Ela tem como coordenadores a Profa. Margareth Copertino do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e o Prof. Alexander Turra do Departamento de Oceanografia Biológica do IOUSP.

Turra também é coordenador da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos). Vinculada à Sub-Rede Zonas Costeiras da Rede CLIMA e ao INCT-MC, a ReBentos desenvolve pesquisas relacionadas a organismos bentônicos marinhos na costa brasileira e conta com mais de 160 pesquisadores de diversas instituições abrangendo os 17 estados costeiros brasileiros. Ela recebe fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e está organizada em oito grupos: Bancos de Rodolitos, Costões Rochosos, Estuários, Fundos submersos vegetados, Manguezais e Marismas, Praias, Recifes Coralinos e Educação Ambiental.

Além de pesquisadores da USP, a ReBentos conta também com pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entre outras. São mais de 50 instituições colaboradoras, nacionais e estrangeiras, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (Portugal) e a Universidade de Plymouth (Reino Unido).

protocolos rebentosComo produtos dessas iniciativas há a publicação “Protocolos para o Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros - Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros - ReBentos” (Turra e Denadai, 2015), com métodos padronizados para serem replicados ao longo da costa; o livro “Temas atuais em mudanças climáticas: para os ensinos fundamental e médio” (Jacobi et al., 2015), idealizado para formação continuada de professores; o volume especial da ReBentos no Brazilian Journal of Oceanography, publicação de 2016 contendo nove artigos que sintetizam o atual conhecimento sobre a biodiversidade dos habitas bentônicos e os impactos das mudanças climáticas nesses ambientes; e em 2010, a publicação da Pan-American Journal of Aquatic Sciences, focada em estudos iniciais desenvolvidos no âmbito da Sub-Rede Zonas Costeiras.

“Esse grande volume de atividades e produtos gerados revela o resultado do esforço institucional do desenvolvimento dessa temática no Brasil, tanto em aspectos relacionados à produção do conhecimento quanto à divulgação desse conhecimento à sociedade, bem como sua aplicação em políticas públicas”, afirma Turra. “A Rede CLIMA e seus desdobramentos, especialmente no que tange às zonas costeiras e aos oceanos, têm tido um papel relevante e estratégico na formação de uma nova geração de cientistas e cidadãos sensibilizados e preparados para os desafios impostos pelas mudanças climáticas”, finaliza.

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