Dinâmica dos ventos e intrusão de águas oceânicas estão associadas à produtividade da Bacia do Espírito Santo

Originalmente publicado em Agência Universitária de Notícias. Ano 48. Nº 118. 27/11/2015.

Pesquisa do IO-USP estuda mecanismos do fenômeno de intrusão da Água Central do Atlântico Sul na Bacia do Espírito Santo e como a dinâmica dos ventos está associada ao acontecimento e à atividade pesqueira do local.

esp santo aunEm pesquisa realizada no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO), o pesquisador André Palóczy Filho estudou os mecanismos e caminhos associados ao fenômeno de intrusão da chamada Água Central do Atlântico Sul (ACAS) na Bacia do Espírito Santo e seus efeitos na produtividade pesqueira do local, estando intimamente associada à vida socioeconômica da população da região, pois envolve a atividade industrial e artesanal. “O tema da dissertação foi sugerido pelo meu orientador, Prof. Ilson Silveira (IO), em razão do meu interesse nos processos oceanográficos que acontecem na interface do oceano profundo com o oceano costeiro”, diz André.

Para realizar o estudo, o pesquisador observou a margem continental brasileira entre o Cabo de São Tomé (RJ) e o Banco de Abrolhos (BA), formando a Bacia do Espírito Santo; concentrando-se na análise do fenômeno que ocorre quando o surgimento de água fria e rica em nutrientes (chamada de ACAS) é transportada cerca de 25 km a 100 km para longe da costa através da Corrente do Brasil até a Plataforma Continental. O cerne da pesquisa se focou em observar qual era o caminho realizado pelas ACAS até a Plataforma Continental e quais eram os mecanismos físicos envolvidos nesse processo.

Através de cálculos e modelagem matemática computacional da circulação oceânica e incluindo e excluindo diferentes fatores, o pesquisador concluiu que o vento e o jato da Corrente do Brasil regiam o acontecimento, tendo como destaque o efeito do vento.

Os resultados mostraram que as ACAS tendem a entrar na Bacia do Espírito Santo especialmente pelos municípios de Marataízes-ES e Aracruz-ES, influenciadas basicamente pelo vento, que além de ser importante para a ressurgência costeira também atua para trazer a massa de água oceânica para a costa. “A circulação produzida pelo vento é importante não apenas para a ressurgência costeira em si (afloramento da ACAS na superfície), mas também para trazer esta massa de água oceânica para perto da costa (intrusão)”, comenta o pesquisador.

A pesquisa também oferece implicações na indústria de petróleo, pois o setor necessita de constantes monitoramentos das condições oceanográficas para manter suas operações. Além disso, o entendimento do processo é fundamental para o gerenciamento costeiro e para a conservação do ecossistema marinho do Banco de Abrolhos, permitindo que o conteúdo estudado seja usado para a elaboração de políticas públicas de preservação.

A temática da pesquisa já havia sido abordada por ele durante a confecção da monografia do bacharelado, quando André analisou alguns efeitos da Corrente do Brasil na ressurgência costeira do Cabo de São Tomé-RJ.

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