XII. Os anticongelantes em animais ectotérmicos marinhos.

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Na Antártida, a água do mar está, muitas vezes, a temperaturas próximas da de seu congelamento, o que seria fatal para muitos organismos ectotérmicos, ou de sangue frio, caso eles não possuíssem mecanismos para evitar a formação de gelo dentro do corpo.

Os fluidos corpóreos dos peixes marinhos como, por exemplo, o plasma e os líquidos dentro e fora das células, são menos “salinos” do que a água do mar e, por isso, congelariam antes dela. A água do mar congela a -1,9°C enquanto que os líquidos dos peixes congelam em torno de -0,9°C. Quando o gelo se forma dentro das células, ele rompe as membranas, danifica as organelas, altera a estrutura celular e dos tecidos. Muitos invertebrados marinhos têm as concentrações dos fluidos internos semelhantes ou até ligeiramente superiores às da água do mar e, nesse caso, eles não congelam na água do mar em estado líquido. Outros organismos ectotérmicos, tanto terrestres quanto aquáticos que vivem em regiões frias, possuem mecanismos para escaparem do perigo. Vários migram para lugares menos inóspitos, outros procuram abrigos em locais menos gelados e outros possuem mecanismos internos para evitar o congelamento dos seus fluidos.

Várias são as substâncias que podem servir para abaixar o ponto de congelamento dos líquidos do corpo tais como açúcares, glicerol, uréia e proteínas anti-congelantes, chamadas em inglês de anti-freezing proteins, com a sigla AFP. As AFPs são comuns em peixes antárticos e árticos e em alguns invertebrados. Elas podem ser de diversos tipos, diferentes umas das outras, o que as torna interessantes do ponto de vista científico. Essas proteínas devem ter surgido independentemente durante a evolução das espécies que enfrentam a possibilidade de congelamento.

Quando o gelo começa a se formar, surgem pequenos cristais que servem como núcleos para formar cristais maiores que crescem rapidamente. As AFPs reordenam esses cristais e unem-se a eles de tal forma que retardam a formação de cristais maiores. No caso de peixes antárticos, elas fazem com que o ponto de congelamento seja de até 2°C abaixo do ponto de congelamento normal. Essa pequena diferença já é suficiente para que o peixe não congele ante da água do mar. Os pesquisadores estão interessados no processo por diversos motivos, mas, um deles, é o de sua possível aplicação na medicina para conservar órgãos vivos em temperaturas baixas sem que eles congelem, até a sua utilização em transplantes. Caso isso se torne possível os transplantes poderiam ser muito facilitados. Existem várias formas de evitar ou de suportar o congelamento no mundo animal. Examinem os links abaixo para aprofundar o assunto.

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Como viver no frio sem congelar? Foto por Gabriel Monteiro


Leituras sugeridas
http://www.dw.de/prote%C3%ADnas-anticongelantes-podem-auxiliar-no-transplante-de-%C3%B3rg%C3%A3os/a-6062766
http://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/anticongelante-e-segredo-de-animais-que-sobrevivem-ao-frio,dd08ecafcd5ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=44711&op=all

 

Autores: Arthur José da Silva Rocha; Maria José de A. C. R. Passos; Gabriel Monteiro; Prof. Dr. Phan Van Ngan
Coordenador: Prof. Dr. Vicente Gomes

 

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