IV. Outros impactos antrópicos

banner antartida

Um tema que frequentemente atrai atenção em discussões sobre o meio ambiente é a poluição. Na Antártida isso não é diferente, ao contrário do que uma primeira impressão poderia supor. Apesar de seu isolamento geográfico e da presença humana limitada, a Antártida registra a presença de diversos grupos de poluentes, tanto em compartimentos bióticos (organismos vivos) de seu ecossistema, quanto em abióticos (neve e água resultante do degelo sazonal, por exemplo).

antartida04aFigura 1 – Esquema do mecanismo de destilação Global, processo através do qual os compostos voláteis evaporam em regiões quentes e temperadas e, através do transporte atmosférico de longa escala, condensam em regiões frias, características de altas latitudes.

Os compostos encontrados são, muitas vezes, pouco relacionados com as atividades humanas que ocorrem nesse ambiente. Como esperar pesticidas organoclorados como o DDT, quando não há plantação alguma? A resposta vem por meio de um mecanismo conhecido como “destilação global”, o principal meio de aporte de poluentes orgânicos para a Antártida: os compostos são liberados em regiões de menor latitude, evaporam, e devido aos regimes de circulação atmosférica, são levados para regiões frias (como os pólos), onde se condensam e são absorvidos por organismos da base da cadeia alimentar, como algas, e por outros que respirem na água, como os peixes. Dado que diversos desses compostos não são eliminados pelo metabolismo dos organismos em uma taxa suficiente, isso pode acarretar em um acúmulo ao longo de suas vidas (conhecido como bioacumulação) e também um efeito de amplificação ao longo da cadeia alimentar (conhecido como biomagnificação). Existem também os animais que migram para locais distantes e são expostos a teores de contaminação muitas vezes maiores do que os esperados para o ambiente antártico. E em muitos casos também há aporte local de poluentes, como o esgoto com distintos graus de tratamento e os derivados de petróleo usados como combustível em embarcações, para geração de energia elétrica e calefação em estações de pesquisa, entre outros. O estudo da ocorrência, distribuição e efeitos deletérios foi e é fundamental para a proibição ou restrição de uso de diversos compostos.

antartida04b

Figura 2 - Cormurões com deformidades nos bicos, resultados da exposição aos poluentes (fotos A – Volponi, 1996; B – Dunn, 1998 e C – [Autora: Melanie Griffin em http://www.wsn.org).

Sugestão:
Acompanhe o clima pelo site do “Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos” do INPE pelo site http://www.cptec.inpe.br/ e, em especial, o da região da Estação Brasileira na Antártica “Comandante Ferraz” pelo site http://antartica.cptec.inpe.br/

 

Referências Bibliográficas:

Dunn, K. (1998) Fooling With Nature. “Drastic Deformities.” Visualizado em 11/01/2013 em http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/nature/gallery/

Volponi, S. (1996) Bill deformity in a pygmy cormorant (Phalacrocorax pygmeus) chick. Colonial Waterbirds. 19(1):147-148

 

Autores: Aline Kirschbaum; Caio Cipro; Fernanda Imperatrice; Franco Villela; Gabriel Monteiro; Hileia dos Santos Barroso; Ralph Vanstreels
Coordenação: Prof. Dr Vicente Gomes

 

Compartilhe