Alta concentração de gás é encontrado no fundo do mar em região do Rio de Janeiro

Publicado originalmente em: Agência Universitária de Notícias. Ano 48. Nº 05. 10/02/2015.

Pesquisa de Mariana Benites corrobora com outros estudos que apontam contribuição de gás metano dos fundos marinhos para atmosfera

mamangaDe quem você pensa que é a culpa do efeito estufa? Provavelmente dos carros, caminhões e queimadas, certo? O que pouca gente sabe é parte do problema pode vir diretamente do fundo do mar. A pesquisa de Mariana Benites, do Instituto Oceanográfico da USP, corrobora com essa teoria.

A pesquisa de Mariana é sobre a presença de gás no fundo do mar em uma área costeira, o Saco do Mamanguá. Através de ondas sísmicas, que apresenta um resultado como se fosse um raio-x do fundo do mar, possibilitando ver estruturas do gás em profundidade abaixo do fundo marinho. É um trabalho descritivo, como primeira iniciativa de fazer essa caracterização e saber quanto da área de estudo apresenta gás, qual profundidade abaixo do fundo do mar, estimar o volume e verificar se há escape para a coluna de água.

"Gás raso é por causa do tipo de acumulação, que por ser em ambiente costeiro o gás está a baixas profundidades abaixo do fundo do mar, no caso da minha pesquisa está em média a seis metros. Diferentemente do gás encontrado em mar aberto, que geralmente está de dezenas a centenas de metros no fundo do mar."

As maiores dificuldades durante a pesquisa, segundo Mariana, foram técnicas. Não foi possível, por exemplo, coletar um testemunho muito profundo (uma coluna de sedimento no formato de um tubo PVC tirada do fundo marinho). “Foi possível coletar no máximo 1,3 metros e como o gás está em média a 6 metros, não conseguimos verificar como é o sedimento na camada onde ele está”, explica a pesquisadora.

Como resultados, Mariana observou grandes acumulações de gás abaixo do fundo marinho do Saco do Mamanguá, e inclusive escapes para a coluna de água. Também foram mapeados os locais de maior e menor aprisionamento de gás pelos sedimentos marinhos. A pesquisa está concluída, e levou cerca de seis meses.

Com isso, algo interessante a se fazer no futuro é estimar o fluxo de gás metano do fundo do mar para a coluna de água, e ainda desta para a atmosfera nesta região. Para se ter ideia, o gás metano é um gás de efeito estufa quatro vezes mais potente que o carbono e alguns cálculos de contribuição de gás metano dos fundos marinhos para a atmosfera tem sido feitos em várias partes do globo, assim como a relação desses gases com o aquecimento global.

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