Dinâmica da matéria orgânica no Oceano Atlântico Sudoeste é foco de pesquisa da USP

pedro tura

Originalmente publicado em: Agência Universitária de Notícias. Ano 49. Nº 18. 24/02/2016

Estudo foca nos processos envolvidos na dinâmica e circulação de matéria orgânica nos oceanos

Naturalmente, uma grande quantidade de material orgânico é exportada dos oceanos das zonas superficiais para as mais profundas em forma de pequenas partículas. Essa movimentação representa uma grande retirada de carbono atmosférico, o que afeta o Ciclo do Carbono. Pensando em estudar a dinâmica dessa matéria orgânica nos oceanos e entender seu funcionamento, Pedro Marone Tura, pesquisador do Instituto Oceanográfico da USP (IO) desenvolveu sua tese de doutorado acerca da ocorrência dos processos no Oceano Atlântico Sudoeste.

“Escolhemos esse tema, eu e meu orientador, Frederico Brandini, pois é um assunto importantíssimo, porém pouco abordado nessas regiões”, diz Tura. A pesquisa se baseou em duas partes; uma delas se dedicou a analisar a costa sudeste brasileira, na região de Santos, em São Paulo, utilizando coletas feitas entre novembro de 2012 e fevereiro de 2013. Durante as coletas, o pesquisador recolhia e sondava uma coluna de água em diferentes profundidades para filtrá-la em laboratório e analisar a presença de nutrientes, matéria orgânica e clorofila.

A segunda parte do estudo foi focada na análise da porção Austral do Atlântico Sudoeste, região que vai desde as águas subtropicais até as águas antárticas, passando pela confluência Brasil-Malvinas. “Nesse capítulo analisei dados previamente coletados nos anos de 1993, 1994 e 1996 pelo programa Antártico Brasileiro, em cooperação com outros institutos internacionais”, explica Tura. Depois de coletados e analisados, o trabalho consistiu em mapear as regiões produtivas e exportadoras e determinar suas correlações com a matéria orgânica.

A pesquisa mostrou que na costa brasileira a influência da Corrente do Brasil interfere na matéria orgânica através do processo conhecido como ressurgência de quebra de plataforma. O efeito do fenômeno já era sabido, porém o estudo encontrou indícios de como funciona o transporte da matéria orgânica por tal corrente.

Já no oceano Austral a pesquisa mostrou e mapeou áreas com grande potencial exportador que ainda não tinham sido destacadas em outros estudos. O pesquisador encontrou ainda uma grande quantidade de matéria orgânica detrítica, ajudando a entender como o ecossistema funciona.

Os resultados obtidos no estudo mostraram o potencial de produção de ambientes semelhantes na Terra. “Para melhores previsões de como o oceano se comportará no futuro, é fundamental que áreas hidrograficamente dinâmicas, como as abordadas na tese, sejam conhecidas”, comenta o pesquisador. Tura explica que, na discussão sobre o clima global, os diferentes ecossistemas marinhos precisam ser estudados levando-se em conta todos os processos envolvidos na produção e exportação de matéria orgânica.

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