Arquipélago de Alcatrazes, em São Paulo, ganha destaque em pesquisa da USP

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Publicado originalmente em: Agência Universitária de Notícias. Ano 49. Nº 20. 25/02/2016

Pesquisadora do IO-USP dedicou-se a analisar área pouco estudada em São Sebastião, litoral do Estado de São Paulo

Localizada no Litoral Norte do Estado de São Paulo, a Estação Ecológica Tupinambás foi criada em 1989 e usada pela Marinha do Brasil como base para testes de tiro até 2013, mais especificamente no Arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião. Devido aos anos sendo uma região militar, o conjunto de ilhas apresentou uma lacuna científica sobre seus recursos e preservação. Tentando reverter essa situação, a pesquisadora Natasha Travenisk Hoff, do Instituto Oceanográfico da USP (IO), dedicou sua tese de mestrado em estudar a região.

Natasha disse que a baixa quantidade de informações que se tinha do arquipélago era prejudicial, afetando principalmente as possibilidades de programas de preservação na área. Os últimos trabalhos sobre o local datavam de 1989, com coletas de 1986. A pesquisadora analisou então a integridade biótica, ou seja, quanto o ecossistema consegue se manter saudável apesar das influências como passagem de embarcações e pesca ilegal. Além disso, foi elaborada uma carta de sensibilidade ambiental (chamada de Carta SAO) em caso de derramamento de óleo.

Os dados levantados a partir de coletas entre 2011 e 2014 mostraram que em 1986 a região do Arquipélago de Alcatrazes era muito mais impactada do que é hoje. Os índices revelam que a base da Marinha no local chegou a ajudar sua preservação, mostrando um benefício da estrutura. A pesquisadora diz que esse levantamento põe a base militar dividida em suas interferências no arquipélago e que até 2013 a própria base foi a maior proteção da região.

As análises feitas ao longo da pesquisa registraram ainda espécies diversas, algumas endêmicas e muito ameaçadas, que podem ser ainda mais afetadas com a pesca ilegal, questão que põe em evidência a necessidade de uma fiscalização eficaz. Durante as observações, Natasha relatou espécies juvenis e que ainda estavam, em pequeno porte, o que pode indicar que a região é usada para alimentação desses animais.

A carta SAO mostrou que em caso de derramamento de óleo, a área do Saco do Funil seria a mais afetada, por conta da circulação das ondas na região. A carta poderá auxiliar futuramente em planos de contenção e compêndio das espécies observadas, além de poder atuar em conjunto com a gestão da unidade.

Existe a ideia de transformar o arquipélago em um reserva da vida silvestre, mas, segundo a pesquisadora, é um risco, uma vez que a base de informações e observações do local ainda são raras. É necessário conhecer mais da localidade e toda a vida que o abrange, inclusive sua interferência na vida socioeconômica da região, para poder seguir com novas decisões. O trabalho de Natasha colocou em pauta uma área que estava ofuscada no litoral brasileiro.

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