Transferência de gás carbônico nos oceanos está associada ao comprimento das ondas

escaterometroPublicado originalmente em: Agência Universitária de Notícias. Ano 49. Nº 24. 02/03/2016

Pesquisa mostra como se dá processo de transferência de gás carbônico para oceanos, o que tem causado uma acidificação da água

É inegável que o aumento do gás carbônico na atmosfera está causado uma série de efeitos ambientais, sendo o maior deles o aquecimento global, mas, além disso, as altas taxas da entrada deste gás no ambiente têm causado uma acidificação dos oceanos, podendo comprometer recifes, corais e pequenas formas de vida. Buscando esclarecer os processos que envolvem a passagem do CO2 para a água do mar, o pesquisador Fábio Lekecinskas Augusto, do Instituto Oceanográfico da USP (IO), iniciou um trabalho de observação da superfície dos oceanos em sua tese de doutorado.

Fábio explica que o gás carbônico, em contato com a superfície do oceano, atravessa sua interface e se dissolve no mar, influindo na dissolução química do carbonato e gera ácido carbônico, causando a acidificação da água. Ele ainda conta que a passagem pode ser influenciada pela temperatura da superfície do mar, presença de espuma na água e turbulências, sendo que a presença de ondas pode favorecer ou atenuar essa transferência.

A partir de dados levantados por uma boia de deriva lançada perto da costa da Espanha, Fábio pôde perceber qual era a relação entre as ondas e as medidas de gás carbônico acima e abaixo da superfície do mar. Assim, o pesquisador desenvolveu um método de quantificação de o quanto houve de transferência de gás com a ajuda de satélites oceanográficos que medem o vento na superfície do mar.

A pesquisa teve duas partes, uma em que o pesquisador estudou como se dava as ondas e a transferência de gás carbônico e outra em que ele tentou usar os resultados obtidos anteriormente associados aos dados do satélite.

Durante os estudos, Fábio conseguiu percebeu uma relação entre o comprimento das ondas e a transferência de gás carbônico. Com os dados do satélite, que mostravam as condições do vento, era possível verificar em qual região ocorreria mais ou menos passagem de CO2. “Existe um comprimento de onda que ele dispara um fenômeno no oceano que diminui a transferência de gás carbônico, ainda não identificado”. Ondas de 8 a 10 cm diminuem a entrada de CO2.

Fábio comenta que estava atrás da questão física do problema proposto, mas esclarece que o estudo pode ser aplicado em diferentes áreas do oceano e que um dos seus objetivos é ser um instrumento para a academia desenvolver novos estudos que infiram outras consequências da intrusão desse poluente nas águas dos oceanos.

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