"Porque você tem aquele ar continental muito gelado, vindo do Canadá, então essa circulação muito forte e muito fria, ela faz com que a água da superfície naquela região esfrie tremendamente e afunde até atingir o fundo dos oceanos", afirma.
"Aqui na USP temos uma rede de monitoramento também, em 34,5° Sul, e o pessoal americano e os ingleses têm uma rede de monitoramento em 26° Norte. Então nós estamos realmente preocupados e tentando entender também, não só ficar esperando o que será que vai acontecer com o clima, mas também entender por que as coisas que estão acontecendo estão acontecendo, como que são os mecanismos, como é que as coisas estão sendo modificadas e como que isso é colocado em diferentes regiões dos oceanos."
"Imagina a versão da atmosfera. As pessoas têm muita noção, ou têm uma noção melhor, do que são os modelos de previsão de tempo, porque é do nosso dia a dia. Você vai lá, liga [a TV] e, vendo a previsão do tempo, sabe quanto que vai ter de temperatura, se vai esquentar, vai esfriar, se vai ser uma estação mais chuvosa, mais quente, mais seca. Você consegue fazer previsões, e por quê? Porque a meteorologia tem muito mais estações para coletar esses dados. Você pode colocar estações meteorológicas nos continentes, tanto é que em regiões onde você tem muito mais água do que continente, as previsões tendem a falhar mais", afirma.
"Eu sinto que os pesquisadores brasileiros conseguem fazer [muito]. Nós somos muito competentes, porque a gente consegue fazer muita coisa. Nós estamos publicando nas melhores revistas de impacto na nossa área, mas realmente tendo um mínimo de incentivo, de financiamento para poder fazer, e a gente tem conseguido fazer isso. Se a gente tivesse um nível de investimento parecido com o que a gente chama de Norte Global, eu acho que a gente faria [muito mais]. É inacreditável o quanto nos impulsionaria para ter um desenvolvimento melhor."