Livro e podcast contam a história de Jacques Cousteau, pioneiro da exploração dos oceanos
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- Publicado: Quinta, 03 Julho 2025
Fonte: Jornal da USP
Produções do Instituto Oceanográfico da USP retratam a vida do oficial da marinha francesa e coinventor do Aqualung, conhecido por suas investigações submarinas e pelas viagens de pesquisa a bordo do barco Calypso

O Laboratório de Biologia da Conservação de Mamíferos Aquáticos (LABCMA) do Instituto Oceanográfico (IO) da USP presta homenagem a Jacques-Yves Cousteau (1910-1997), um dos maiores exploradores oceânicos, para celebrar a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021 – 2030), declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU). São dois lançamentos: o e-book gratuito Uma Vida Dedicada ao Mar e o podcast Rei dos Mares: A Vida e o Legado de Jacques Cousteau, que também já está disponível em acesso livre na plataforma Spotify.
“Ao testemunhar uma abrupta queda de qualidade da vida nos oceanos, a partir da década de 1970, Cousteau passou a atuar firmemente em campanhas e em atuações com tomadores de decisões para a proteção do oceano, das baleias e do continente antártico”, afirma o professor Marcos Santos, coordenador do LABCMA e autor do livro ao lado da bióloga Giovanna Romanini, egressa do Instituto de Biociências (IB) da USP, que foi contemplada entre 2023 e 2024 com uma bolsa do Programa Unificado de Bolsas da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (PRCEU) da USP.
Nascido na França em 1910 e vivendo uma infância um pouco precária ao acompanhar os pais em uma etapa de suas vidas nos Estados Unidos, Cousteau sempre foi uma criança tímida, como conta o professor. “Sonhou em ser aviador da Marinha francesa. Entretanto, um acidente automobilístico mudou os rumos de sua vida, fazendo Cousteau trocar o seu foco do ar para o mar”, lembra. O professor continua informando que sua reabilitação de algumas fraturas no braço se deu em atividades de natação na costa da França, e foi em meio a elas, ao ter o privilégio de usar uma máscara para observar o que se encontrava abaixo da linha de superfície do mar, que Cousteau se encantou. “Foi amor à primeira vista, e criou-se assim uma conexão que perdurou até os últimos dias de vida do francês, em junho de 1997”, relata.
Jacques Cousteau se tornou o maior e mais importante documentarista sobre a vida debaixo da água da história da humanidade. Nas palavras do professor, “Cousteau descortinou o pano que cobria por séculos o fantástico mundo submarino por meio de imagens nunca antes vistas”, acrescentando que, com o tempo, não somente sua equipe de apoio foi crescendo, mas a quantidade e a qualidade dos equipamentos utilizados foram acompanhando. “Para navegar, em 1950 Cousteau adquire uma embarcação antiga e a converte, em 1951, no navio de pesquisa mais famoso do século 20: o Calypso”, relembra o professor.

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Como diz o professor, aquele navio singrou por praticamente todas as bacias oceânicas e esteve, na década de 1970, presente pelas águas ao redor do continente antártico. “Dessas expedições, foram produzidas películas para o cinema, algumas séries para a televisão – um dos raros canais de comunicação por meio de imagens no século 20 -, documentários para o cinema e a televisão e uma inédita literatura sobre os segredos do oceano”, cita, e completa que “não satisfeito em desnudar o magnífico mundo marinho, Cousteau aventurou-se pela Amazônia nos anos 1980, apresentando-a ao mundo de uma forma única”.
O professor também exemplifica as grandes campanhas em defesa do meio ambiente das quais Cousteau participou: ele foi responsável direto por atuar em punho nas propostas envolvendo o Tratado de Proteção à Antártica e a moratória da caça às baleias em mares austrais; e esteve presente na Rio-92, o maior evento da história para se discutir a proteção do meio ambiente, realizado no Rio de Janeiro. “Na ocasião, foi o único a não ser chefe de Estado a participar da foto oficial do evento, quando foi apelidado de ‘Capitão Planeta’”, comenta.
Um grande legado
Seu legado influenciou um número considerável de pessoas em escala global, incluindo o professor, que se diz privilegiado não apenas por conhecer o oceano em primeira instância por meio dos documentários de Cousteau, mas também por aprender bastante sobre o mar nos vários livros que leu. “Foi uma das maiores motivações para pavimentar o caminho de me tornar biólogo e dedicar a minha carreira à pesquisa, ao ensino e à proteção de baleias e de golfinhos”, revela.
Em virtude dessa influência, desde o ano passado, o LABCMA celebra, em 11 de junho, o Dia Mundial Jacques Cousteau – data que marca o dia de seu nascimento. “São várias atividades desenvolvidas em escala global que seguem preservando a memória do nome mais importante envolvido com a divulgação dos oceanos na história da humanidade”, destaca o professor. “Em junho do ano passado nós inauguramos uma exposição sobre a vida e a obra do Jacques Cousteau com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (PRCEU) da USP, e este ano estamos com o e-book de livre acesso e o podcast.”
As novas produções são frutos da pesquisa da bióloga Giovanna Romanini. “Foi uma experiência extraordinária porque a Giovanna faz parte de uma geração que não conheceu a vida e a obra do Cousteau. Mesmo assim, efetuou uma imersão na bibliografia para poder contar, por meio de seus próprios olhos, quem foi Cousteau às novas gerações.” comenta o professor.

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Giovanna elaborou o roteiro da exposição, do livro e do podcast sob a supervisão do professor. O livro de 44 páginas traz a cronologia de vida de Jacques Cousteau, além de capítulos sobre o Aqualung, a criação de uma nova forma de mergulhar, o RV Calypso, as expedições de Cousteau na Antártica e Amazônia e suas participações em eventos na defesa do oceano. Há também um capítulo dedicado a Simone Melchior, a verdadeira capitã do Calypso, e as produções e legado do explorador. Há duas versões para download gratuito – uma para impressão em página única e outra para leitura em página aberta. Já o podcast reúne oito episódios narrados por Giovanna, que tratam de alguns aspectos que permearam o universo do documentarista francês em sua trajetória profissional. Como afirma o professor, parafraseando Jacques Cousteau: “Só protegemos o que amamos, e só amamos o que conhecemos“.
O download gratuito do livro está disponível na página do laboratório neste link. Para ouvir o podcast acesse a plataforma Spotify.
Mais informações no site do LABCMA clicando aqui e no Instagram