Batismo do Alpha Delphini e Projeto CaReCos

Dia 24 de junho foi o batismo do barco de pesquisa Alpha Delphini, do Instituto Oceanográfico da USP, em Fortaleza. A solenidade aconteceu junto do Hotel Marina Park, próximo ao estaleiro INACE (Indústria Naval do Ceará), onde o barco foi construído.

!!O Barco

O Barco Alpha Delphini foi construído com apoio da FAPESP no estaleiro da INACE em Fortaleza (CE) sob a coordenação do prof. Rolf Roland Weber, apoio do engenheiro José Gustavo Imakawa e colaboração do engenheiro Luiz Vianna Nonatto, comandante José Helvécio Moraes de Rezende e o dr. Odair Papa.

A embarcação de pesquisa possui 25,96 metros de comprimento, calado moldado de 2,20 metros e construída em aço com superestruturas em alumínio. Trabalha com uma tripulação de oito pessoas, pode receber dez pesquisadores para pernoite e comporta até 24 passageiros para o trabalho sem pernoite. Possui dois motores a diesel, sendo a velocidade de serviço de 9,5 milhas náuticas (mn) e tem autonomia prevista para 1.355 milhas náuticas.

Dispõe de equipamentos para pesquisa, como guinchos hidráulicos, para o trabalho com cabo hidrográfico mecânico e eletromecânico, e também guinchos para arrasto de redes de plâncton (fito, zoo e necton), além de outros equipamentos. Possui plataformas para lançamento da Rosette com CTD, ADCP acoplados (aparelhos que medem propriedades físicas do oceano), pegadores de fundo e para mergulho. Dispõe de sala panorâmica para controle dos guinchos e três laboratórios: laboratório que abriga o controle de equipamentos eletrônicos de pesquisa, como o disparador da rosette, mult-beam e sonar, entre outros; laboratório seco, para análises químicas e biológicas, possuindo bancadas e freezers para instalação de equipamentos e preservação das amostras e uma câmara fria, também para preservação. Contém um ponto de tomada de água, na proa, para processar análises em contínuo durante a navegação.

!!Cerimônia

O batismo foi realizado no dia 24 de Junho, na marina do Hotel Marina Park, ao lado do estaleiro INACE, e contou com a presença do senhor diretor do Instituto Oceanográfico, Prof. Dr Michel M. Mahiques, membros do Instituto, como a profa. Elisabete S. Braga G. Saraiva e seu marido Nivaldo da Graça Saraiva, o engenheiro José Gustavo Imakawa, os técnicos Vitor Gonsalez Chiozzini e Wilson Natal de Oliveira, e o amigo dr. Odair Papa. Contou ainda com a presença de membros do Estaleiro INACE, como o dr. Gil, presidente do estaleiro, sua esposa dona Elisa e os engenheiros Arthur e Fernando.

Como convidados estiveram presentes o prof. dr. Luiz Drude Lacerda e sua esposa profa. dra. Rozane Marins, ambos da Universidade Federal do Ceará, e alguns alunos da mesma instituição.
A cerimônia recuperou a tradição de lançamentos de embarcações ao mar, e contou com pronunciamentos importantes como o feito pelo prof. dr. Michel, onde ele destacou a importância de embarcações para a pesquisa oceanográfica, manifestou o forte apoio dado pela FAPESP, pelo nosso Magnífico Reitor prof. dr. João Grandino Rodas, e também colocou em destaque o desafio para a construção desta embarcação de pesquisa inteiramente no Brasil, aceito pelo prof. dr. Rolf e pelo estaleiro INACE.

Como manda a tradição, foi escolhida uma madrinha para a embarcação, a profa. dra. Elisabete, que também contribuiu com detalhes no acabamento da área de trabalho da embarcação e foi a primeira a fazer uso do barco em missão científica. A quebra do champanhe ocorreu com o lançamento da garrafa em direção ao casco com um dispositivo moderno, acionado por controle remoto, uma inovação criada pela INACE.

Durante a cerimônia, foi empossado o comandante Carlos Alberto Moreira Gouvêa como responsável pela embarcação juntamente com a tripulação da embarcação, constituída por Antonio Marcos Felix de Souza, Cláudio dos Santos Cruz, Fernando Rebello Nastasi, Lafaiete Soares Marques, Lincoln Barreto de Medeiros, Otoniel de Sousa Andrade e Raimundo Nonato dos Santos.

O prof. dr. Rolf R. Weber e o engenheiro Gustavo (do IO-USP) foram elogiados pelo esforço investido na construção e concretização do Alpha Delphini. Muitas outras personalidades estiveram presentes no evento, abrilhantando a cerimônia.



!!Primeira campanha

A primeira campanha do Alpha Delphini, foi do projeto 'Transporte de Carbono na Região Costeira do estado de Pernambuco (CaReCos), submetido ao EDITAL FAPESP/FACEPE/ANR, que integra uma equipe de duas Universidade (USP e UFPE), e possui a coordenação da profa. dra. Elisabete S. Braga G. Saraiva pelo Instituto Oceanográfico da USP e do Prof. Dr. Manuel Flores Montesm da UFPE. Além disso, o projeto conta com diversos parceiros com a Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (IPEN-SP), o Instituto de Botânica de São Paulo, e pesquisadores franceses na modalidade de colaboradores.

Após alguns ajustes, o barco deslocou-se de Fortaleza (CE) para Recife (PE), onde encontrou a equipe da profa. dra. Elisabete no dia 17 de julho. A professora levou alunos de doutorado, mestrado, graduação e técnicos para o trabalho e realizou o embarque revezado de alunos e professores da UFPE. Nesta pesquisa que ocorreu na plataforma de Recife, Itamaracá e também junto ao arquipélago de Fernando de Noronha o Alpha Dephine foi cortejado por “delphins”.

Os alunos e técnicos USP que participaram desta primeira expedição coordenada pela profa. dra. Elisabete, foram eles: Vitor Gonsalez Chiozzini, Wilson Natal de Oliveira, Ana Teresa Cordeiro Cid Bastos, Katia Leite Agostinho, Leonardo Barreto Mourão Bertini, Caio Calisto Gaede Hirakawa, Baetariz Ferraz Scigliano, Francisco Frateschi e Bruno Monti Oliveira.

Os alunos, professores e técnicos da UFPE que embarcaram sob a coordenação do prof. dr. Manuel Flores Monte, foram: prof. dr. Roberto Barcello, prof. dr. Gilvan Takeshi Yogui, Gilson A. do Nascimento, Marina Jales, Amanda Otsuka, Pedro Mendes, Lucas Guedes P. Figueiredo, Alejandro Esteweson da Costa, Bruno Varella Motta da Costa, Josiane Gomes Paulo, Glenda Mograbe de Oliveira Magalhães, Diego de Arruda Xavier, Thais de Santana oliveira, Maria Clara Alvino da Silva, Ivan Lins, Lucas Inácio Silva dos Santos, Rysoaurya Keyla Travassos, Laisa Madureira da Silva, Andressa Ribiro de Queiroz , Simone Lira, Thayse N. F batista, J´seeica Sonaly da Silva Resende, Patrícia Façanha, Luciana Dantas, Renata Poliana.

O trabalho foi de abrangência multidisciplinar, contando com a aquisição dados das áreas da oceanografia física, química, biológica e geológicas como dados de salinidade, temperatura e correntes, coletas de água para análises de oxigênio dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), CO2, alcalinidade, pH, carbono total e orgânico, nutrientes, como nitrogênio, fósforo e silício, metais dissolvidos, como Pb, Cd e Zn, turbidez e material em suspensão. Foram coletadas amostras de sedimentos para análise da granulometria, matéria orgânica, carbono detrítico, fósforo total, razões isotópicas de carbono e nitrogênio. As coletas biológicas envolveram a amostras para a determinação da biomassa fitoplanctônica, produtividade primária do fitoplâncton, fito e zooplâncton da camada superficial para análisese taxonômicas e de parâmetros estatísticos, bem como foi realizada a descida do zooscan para observação da distribuição vertical de zooplâncton na zona eufótica.

O objetivo geral do projeto Carbono na Zona Costeira (CaReCos) é compreender o papel da dinâmica do carbono na região costeira do litoral de Pernambuco (região metropolitana – foz do rio Capibaribe e bancos de algas calcárias no litoral norte) e em um local de dinâmica oceânica, como é o caso do Arquipélago de Fernando de Noronha.

Atualmente, as alterações provenientes da ocupação humana nas áreas costeiras, somadas às mudanças que possam ser atribuídas aos processos globais, devem ser estudadas tanto com objetivo de se compreender as dimensões dos processos e atribuir-lhes os pesos corretos no contexto das alterações globais e antrópicas, bem como conhecer o grau de integração entre os mesmos nas interfaces continente-oceano e ar-mar em zonas costeiras e oceânicas.

Desta forma, o projeto em seu desenrolar deverá contribuir ao conhecimento dos aportes naturais e antrópicos realizados via pluma estuarina do rio Capibaribe em termos de matéria orgânica continental e a relação com processos de acidificação marinha, determinando teores de carbono orgânico total transportado para áreas costeiras e oceânicas, identificando fontes e sumidouros de carbono nas áreas de estudo. Pretende identificar bioindicadores dos processos de acidificação marinha, determinar o estado trófico de cada ecosssistema diante das avaliações de biomassa fitoplanctônica, e das produções fitoplanctônica primária e secundárias e da avaliação do zooplancton.
Diante da dificuldade em se dispor de embarcações apropriadas para a pesquisa, sobretudo na região nordeste do Brasil, a disponibilidade do Barco Alpha Delphini para a realização desta primeira campanha do Projeto CaReCos ofereceu condições excelente para a pesquisa unindo duas universidades, oferecendo oportunidades, troca de experiência entre as equipes e capacitação de alunos.

No transito entre Recife (PE) e São Paulo (SP) houve o primeiro encontro entre as embarcações Alpha Delphini e Alpha-Crucis, mostrando o aumento da capacidade de pesquisa oceanográfica conquistada nestes últimos anos.

A campanha foi encerrada em 28 de junho de 2013, e foram realizadas 16 estações de coletas de dados multidisciplinares com cerca de 3-4 horas de duração cada uma, perfazendo um trajeto de cerca de 1.000 milhas náuticas na região de estudo.



''Crédito das imagens: profa. dra. Elisebete e Nivaldo da Graça Saraiva.''

__Pesquisadores envolvidos que não foram citados:__

Profa. Sonia Gianesella
Prof. Rubens Mendes Lopes
Profa. Sueli Susana de Godoi
Profa. Nair Yokoda
Profa. Deborah Ines Teixeira Fávaro
Dra. Flavia Saldanha
Prof. Dr. Silvio Macedo
Prof. Dr. Fernado Feitosa
Prof. Alex Costa da Silva
Profa. Dra. Sigrid Neuman-Leitão
Profa. Dra. Maria Luise Koening
Prof. Dr. Moacyr Araújo Filho
Profa. Dra. Adilma de Lourdes Montenegro Cocentino

Todos receberam certificado de embarque.


''Texto feito conforme a declaração da profa. dra. Elisabete S. Braga G. Saraiva''

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